Júri do Hoje em Dia aponta a escola do Grupo B como a candidata à elite do Carnaval de BH
TONINHO ALMADA
Escola Estrela do Vale e seus 300 componentes homenagearam os 40 anos do grupo de bonecos Giramundo
Não faltaram emoção e um bocado de correria no primeiro dia de desfile das escolas de samba no Boulevard Arrudas, em Belo Horizonte, com as três agremiações do Grupo B entrando em cena. A surpresa da noite foi a Estrela do Vale, candidata a entrar para a elite da folia na capital. Seus 300 componentes levaram o público ao delírio, com a competente homenagem aos 40 anos do grupo Giramundo. O que se viu foi uma verdadeira aula de teatro na avenida. A grande decepção ficou por conta de uma apática Cidade Jardim, até então favorita.
Primeira a desfilar, a Imperatriz de Venda Nova, além de desfalcada, com um carro a menos que o previsto, teve seu desempenho ainda mais comprometido por um atraso de 30 minutos para entrar na avenida. Mesmo com tantos percalços, foi aplaudida de pé pelo público.
O presidente da agremiação, Edederson Fernandes, pretende recorrer ao Grupo dos Dez por acreditar que a punição, com perda de pontos, foi injusta. Segundo ele, o carro abre-alas da escola se envolveu em um acidente enquanto seguia para a Avenida dos Andradas, no Centro da cidade. “Não atrasamos por querer. Após colisão em um poste, fomos detidos por policiais militares que não queriam liberar o carro alegórico. Ele, inclusive, foi danificado com a batida. Por isso não participou do desfile”, argumentou.
A Escola de Samba Cidade Jardim, que encerrou as apresentações na madrugada da última segunda- feira (7), ficou devendo aos que esperavam assistir a um Carnaval tradicional e cinquentenário. Grande parte dos 450 componentes entraram na Passarela do Samba tão apáticos, que acabaram desanimando o público.
Para os três especialistas que integram o júri criado pelo Hoje em Dia para avaliar os desfiles, a agremiação decepcionou. A coordenadora de Design de Moda da Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec), Gabriela Torres, avaliou que apesar do luxo das peças, principalmente dos dois casais de porta-bandeira, a Cidade Jardim não convenceu. “Os componentes entraram cansados e acabaram desanimando o público. É uma pena porque a escola era a favorita da noite”.
O professor do curso de Design de Moda da Fumec Antônio Fernando Santos e o sambista Serginho Beagá fizeram coro. “A escola não emplacou porque entrou descompromissada. Cada integrante desfilou com um sapato diferente, sem cantar ou sambar. Muitos apenas cruzaram a avenida”, disse Santos. “A escola apresentou o enredo ‘50 anos: cores, brilhos e fantasias’, mas entrou desanimada demais para quem queria contar a própria história”, concluiu.
Já o comprometimento da Estrela do Vale comoveu Gabriela Torres. “As crianças foram a grande sensação da escola. Elas estavam em todas as alas e fizeram bonito. A participação plena de todos os 300 integrantes também surpreendeu. Todos sabiam cantar o samba enredo. O desfile foi empolgante”.
Para os jurados do Hoje em Dia, a bateria da Imperatriz de Venda Nova teve batida perfeita. Sem descompasso dos integrantes, o soar dos tambores foi o responsável pelo sucesso junto ao público. Com o tema ‘Uma Viagem Fantástica ao Mundo da Astrologia’ a escola pecou, no entanto, ao desconectar o enredo com o que desfilou na avenida.
“A incoerência prejudicou o desempenho da escola, mas sem dúvida a Imperatriz mostrou uma criatividade ímpar. O Carnaval de BH tem muito a oferecer e a aprender também”, afirmou Serginho Beagá.
População aprova mudança
A Polícia Militar estima que cerca de 5 mil pessoas passaram pelo Boulevard Arrudas, no Centro de BH, entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira. A chuva não deu trégua e danificou um bocado a maquiagem e desbotou fantasias e carros alegóricos das escolas de samba.
“É um risco que corremos, mas todas as escolas, em qualquer lugar, passam por isso”, comentou Mário Cantone, integrante da Cidade Jardim.
A dona de casa Ana Elisa Teodora, 62 anos, nem ligou para a chuva e os prejuízos dela decorrentes. De sombrinha a postos, assistiu quase sem piscar a seu primeiro desfile de escola de samba. Ana perdeu o fôlego em plena na avenida. “É bonito demais ver esse povo desfilando. Eles estão dando o sangue por isso”.
O estudante de Engenharia Leandro Bastou, 26 anos, disse ser preciso valorizar as escolas de samba da capital e o trabalho que elas desempenham nas comunidades. “Quem desfila no Rio, pode fazer por amor, mas tem também um pouco de glamour por trás de tudo. Aqui, em BH, quem entra na avenida só faz por amor ao samba e muita raça. Não é para qualquer um”.
Para a recepcionista Andréa da Silva, 19 anos, que desfilou na Imperatriz de Venda Nova, o Carnaval da capital ainda tem muito o que mostrar. “Sei que existem carnavais mais animados e até mais bonitos, mas aqui estamos fazendo o que está ao nosso alcance. Enquanto no Rio uma fantasia chega a custar R$ 60 mil, essa é a verba de toda a nossa escola”.
O auxiliar administrativo Breno Teixeira, 21 anos, acompanha o Carnaval da cidade há pelo menos dois anos. “Agora que o Carnaval está no Centro muitas pessoas virão prestigiar. Ao contrário do que muitos dizem, o belo-horizontino adora uma folia”, garantiu.
Para o casal Juliana e Thiago Oliveira, ambos de 27 anos, levar o pequeno Igor, 6 meses, para assistir os desfiles faz parte da educação para quem será um grande carnavalesco. “Nós nos conhecemos num baile de carnaval e ele vai adorar a festa. Podíamos deixá-lo em casa, mas porque tirar essa alegria do menino?”, brincou Juliana.
A apuração dos resultados dos desfiles das escolas de samba e blocos caricatos de Belo Horizonte será na sexta-feira, a partir das 18 horas, na Câmara de Vereadores. As escolas campeã e vice do Grupo B vão receber R$ 10 mil e R$ 5, respectivamente. A primeira colocada ainda fará parte do desfile principal em 2012.
Já no Grupo A, primeiro, segundo e terceiro lugares receberão, respectivamente, R$ 20 mil, R$ 10 mil e R$ 5 mil. A última colocada cairá para o Grupo B. Entre os blocos, os três primeiros colocados do Grupo A vão receber R$ 10 mil, R$ 5 mil e R$ 3 mil. No Grupo B, só o campeão recebe o prêmio de R$ 2 mil e o direito de participar do Grupo A, no ano seguinte. Todos os campeões levam o Troféu Carnaval de BH 2011.
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