quarta-feira, 9 de março de 2011

BH conhecerá escola vencedora do carnaval na sexta-feira

A chuva deu uma trégua poucas horas antes do fim do desfile de segunda-feira, beneficiando as três últimas escolas


toninho almada
08_Escola
A Escola de Samba Canto da Alvorada está sendo cotada para levar o título
O público que foi assistir aos desfiles das escolas de samba na Avenida dos Andradas, no Centro de BH, no último dia de carnaval na capital, não se arrependeu. A chuva acabou dando uma trégua poucas horas antes do fim do desfile, beneficiando as três últimas escolas que passaram pelo Boulevard Arrudas sem o incômodo e prejuízos que a água traz.

A apuração oficial dos resultados acontece na sexta-feira (11), a partir das 18 horas, na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Juntos, os campeões das escolas e blocos caricatos da capital vão faturar R$ 70 mil em dinheiro, além do Troféu Carnaval de BH 2011.

Em rápida aparição na avenida, o prefeito Marcio Lacerda prestigiou o desfile da Canto do Alvorada e da Chame-Chame. A Belotur estima que 15 mil pessoas tenham participado do carnaval no Boulevard nos três dias de desfiles.


Para os jurados do HOJE EM DIA, coube à Acadêmicos de Venda Nova desempenhar o melhor desfile da noite. Para eles, a escola é quem deve faturar o campeonato de 2011. Chame-Chame e Canto da Alvorada devem disputar o segundo lugar. Já o Grêmio Recreativo Unidos do Guarani e Mocidade Independente Bem-te-vi desapontaram ao apresentar enredo repetido e reaproveitar fantasias do ano anterior.


A Acadêmicos de Venda Nova, trouxe no enredo uma homenagem aos 300 anos da regional da capital que dá nome à escola. Responsável por uma das alas, Edson Santos, o Koka-Kola, disse que apesar da dificuldade financeira, a escola não está para brincadeira, quer disputar o pódio e lutar para estar sempre entre as favoritas.

Fundada em 2004, a Acadêmicos entrou na avenida com 400 componentes, nove alas e dois carros alegóricos. “Em 2012 queremos desfilar com mais componentes e para um público ainda maior”, almeja.

Para os três especialistas que integram o júri criado para avaliar os desfiles, o presidente das Agremiações Carnavalescas de Minas Gerais, Carlos Eugênio Demétrio; o compositor Serginho Beagá; e o especialista em samba e carnaval, Celso Pacheco, a Acadêmicos falou com propriedade do tema que escolheu. “O samba-enredo foi muito bem desenvolvido”, afirmou Celso. Para Carlos Demétrio, um dos poucos pecados que cometeu diz respeito a harmonia, “mas de forma geral, a Acadêmicos foi a escola de melhor desempenho na avenida”.

Mas coube a Chame-Chame, com o enredo “Respeitável Público: em BH, a Chame-Chame monta o circo no Boulevard”, levar a arquibancada ao delírio. Os 500 componentes fantasiados de palhaços, malabaristas e mágicos transformaram a avenida no palco de um imenso espetáculo.

De pé, o público aplaudiu e cantarolou o samba da escola que contou com nove alas e carros alegóricos. “Espero que no próximo ano o belo-horizontino compareça em peso e prestigie nosso carnaval”, comentou o presidente da escola Patrício Tomé. Por ser recente (fundada em 2007), a Chame-Chame vem desempenhando um carnaval surpreendente – não por menos faturou o campeonato em 2010.

Para Serginho Beagá, na madrugada desta terça-feira, no entanto, a escola pecou desde o início. “Colocar os Dragões da China para serem o abre-alas da escola que tinha o tema circo não foi a melhor escolha. Além disso a harmonia não convenceu e o samba-enredo não trouxe novidades”.

Carnaval no sangue

Minutos antes de entrar na avenida, o presidente da Unidos da Guarani, Mário Santos, convocou os 350 componentes da escola: “Vamos mostrar o desafio que é fazer carnaval em Belo Horizonte”. Com o enredo “Água”, a escola levou oito alas e três carros alegóricos para sambar na avenida. “São pessoas carentes que deram o sangue para estar aqui. Enquanto um barraco na favela estiver de pé, o carnaval vai existir”, afirmou.

Para o compositor Serginho Beagá a escola desapontou por reutilizar fantasias dos carnavais passados e ainda o mesmo samba-enredo de 2010. “O mais bonito na Unidos é a entrega da comunidade que de fato ama o carnaval, mas não há nada que justifique entrar na avenida sem criatividade”, disse o presidente das Agremiações Carnavalescas de Minas Gerais e membro do júri do Hoje em Dia, Carlos Eugênio Demétrio.

A Canto da Alvorada, que levou 12 alas, três carros alegóricos e 500 componentes para a desfilar no Boulevard, mostrou um desfile gracioso e desenvolto. A escola apresentou o enredo “Humanos quem somos, de onde viemos, para onde vamos”.

Ao contar a história da evolução humana, macacos e homens primatas desfilaram lado a lado com policiais do futuro, astronautas, aviadores, bruxas e até a presidente Dilma Rousseff que, representada na ala das baianas, se tornou símbolo do poder das mulheres na política.
“A evolução foi muito bem trabalhada, inclusive, umas das melhores do carnaval. No entanto, assistir, componentes da escola desfilando com sandálias diferentes, por exemplo, não apenas prejudica seriamente desempenho da escola, como também influencia as notas do jurado”, acredita o especialista em carnaval Celso Pacheco.

Já a tradicionalíssima Bem-te-vi, uma das mais antigas do Grupo A (fundada em 1979), encerrou os desfiles das escolas de samba da capital com coreografias bem ensaiadas e apesar de ter enredo simples, conseguiu dar novo fôlego ao público, que já apresentava sinais de cansaço.

A escola contou a história da evolução das máscaras no enredo “Máscara, realidade, fantasia, sonhos e ilusão”. O carnavalesco da escola, Aloísio Marinho, contou que além de contar com a participação de 540 componentes, 19 alas e cinco carros alegóricos, a escola teve um empurrãozinho da sorte. “Fizemos três carros em três dias. Um milagre”, brincou.

Carlos Demétrio pontua que esperava muito mais da escola. “Ela entrou muito bem, com um abre-alas muito bem ensaiado e tinha um enredo que tinha tudo para dar certo, mas não soube aproveitar o tema. O folião gostou do desfile, mas poderia ter ido para casa com um carnaval bem mais bonito”.

 Cerca de 15 mil expectadores em três dias de desfiles

Segundo a Polícia Militar e a Belotur, cerca de 5 mil pessoas assistiram aos desfiles de encerramento do carnaval na capital. Nos três dias de festa, 15 mil foliões passaram pela Avenida dos Andradas, no Centro da capital.

O prefeito Marcio Lacerda compareceu no evento por pouco mais de uma hora, e disse que as apostas e investimentos no carnaval de Belo Horizonte tendem a crescer nos próximos anos. “Pude perceber o comprometimento e vontade de organização das escolas. A prefeitura vai continuar apostando no carnaval da cidade”, afirmou.

O radialista e cantor Acir Antão destacou a importância da presença de um representante político em festas como o carnaval. “O prefeito é o animador cultural da cidade. Se ele não tem esse comportamento a cidade não vive isso. O público belo-horizontino sente falta de administradores que sejam identificados com as coisas da cidade. Mais do que oferecer verbas é preciso acompanhar de perto, visitar os barracões. É assim que se faz um carnaval de verdade”, comentou.

Já se despedindo da folia, o menino Gabriel Nunes, 10 anos, participou da bateria da Chame-Chame. “Vou querer tocar bateria para sempre”, disse o pequeno músico entusiasmado. Para a estudante Débora Aranha, 17, que desfilou pela primeira vez em uma escola de samba, a emoção é incomparável. “É o dia mais feliz da minha vida. É muito bom estar aqui e fazer parte dessa festa”.

Para o casal Lucas Serafim e Mariana Pinho, 22 e 25 anos, o carnaval chegou ao fim no Boulevard com um gostinho de quero mais. “Não tínhamos dinheiro para viajar, mas também não queríamos ficar em casa”, contou Lucas. O casal ficou surpreso com a paixão dos belo-horizontinos pelo carnaval. “Deu até uma pontinha de vontade de desfilar. Quem sabe no ano que vem?”, disse Mariana.






  

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